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O correr da vida embrulha tudo.

A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega

e depois desinquieta.

O que ela quer da gente é coragem".

- Guimarães Rosa

Antes de se tornar escuta, Transver foi palavra sonhada.

Antes de se tornar um espaço psicoterapêutico, esse caminho se chamava Para não desistir — nome do meu segundo livro de poesia e também do espaço digital onde compartilhei, durante anos, fragmentos da minha travessia com o mundo.

 

Era ali que escrevia sobre as fendas do existir, a angústia, a finitude, o tempo, o amor e o silêncio. As dobras do existir.

Para não desistir nunca foi sobre insistência cega nem sobre o imperativo da superação. Não vinha como ordem, mas como pergunta: o que é que nos faz não desistir de ser, quando tudo em volta nos empurra para o contrário?

É sobre a coragem de não des-existir, mesmo quando a vida desarruma os móveis da alma. Foi o modo que encontrei de sustentar afetos, escolhas, vazios, dores, direitos. Neste meu antigo projeto a partir dos meus escritos poéticos e existenciais, encontrei uma forma de sustentar afetos, falar sobre escolhas, vazios, dores, direitos. Foi onde minhas palavras encontraram abrigo para se fazer travessia.

 

Mas toda travessia, cedo ou tarde, pede um passo adiante. Foi então que a escuta, que antes morava nos poemas, me encontrou na clínica. E foi preciso renomear esse espaço. Expandir o gesto. Abrir a paisagem. Assim nasceu Transver.

Transver, um verbo que não existe nos dicionários, mas que carrega em si o movimento de ver através, ver para além, ver com o sentir. Ver com o tempo do afeto, com o silêncio que acolhe, com a presença que escuta. Um verbo que sempre habitou as minhas palavras e meus poemas.

Transver é um modo de estar. É o desdobramento natural de tudo o que foi tecido no Para não desistir, agora transformado em prática clínica, em travessia com o outro.

Aqui, não se escuta para ajustar ninguém ao mundo.
Aqui, não se cura o que não está doente.
Aqui, a escuta é um ato ético de atravessar junto.

Como escrevi certa vez:

Image by Elliot Cullen

Escutar é vestir-se para encontrar outra forma de tempo — o tempo do afeto.

A escuta clínica que sustenta a Transver não se apressa, não aponta destinos, não promete atalhos. Ela se abre como vereda: estreita, sinuosa, viva. A cada passo, um pedaço de mundo se revela. A cada palavra, um pedaço de si se reconhece. Amar a vida é também amar os seus abismos, seus hiatos, suas dobras. É preciso dizer sim à vida, não apesar da dor, mas com ela. 

 

A Transver nasce, então, como um território fértil entre palavra e silêncio, entre poesia e presença, entre o que se mostra e o que ainda não tem nome. Um lugar para quem deseja sustentar o próprio caminho com mais inteireza.

 

Seja bem-vinda(o), atravessante!


Aqui, cada encontro é uma chance de ver com outros olhos.


Ou melhor: de transver.

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