Por uma nova pedagogia
- Gabriel Gama
- 8 de jun.
- 2 min de leitura
Em um tempo globalizado tão marcado pela profusão e aparente democratização das informações, ainda vivemos controlados por escolas que formam cidadãos não pensantes.
Escolas que enxergam a educação como um mero repositório de informações e não como uma produtora de conhecimentos.
Vivemos escravizados por um ensino pragmático e doutrinário, baseado em memorizações e verdades absolutas.
Em uma sociedade pós-moderna que se diz democrática, mas não pensa pela via da diferença. Não contempla minorias marginalizadas pela voz do progresso.
Clama por identidades, mas não por alteridades. Clama pela liberdade de pensamento, mas recrimina ideias distintas. Recrimina opiniões que escapem ao sistema, ao status quo.
O problema da educação do Brasil é para além da defasagem entre escola pública e privada. Do famigerado discurso de que "faltam investimentos de base", de que "precisamos investir em educação e cultura nesse país". Mas que educação? Que cultura é essa?

Não devemos limitar-nos a constatações óbvias ou a opiniões genéricas. O problema da educação no Brasil está em sucessivos erros pedagógicos. Em deseja viver em uma sociedade, cujo valor é formar seres embrutecidos, literais cientificistas dispostos a contribuir “produtivamente”.
Estamos a cada dia formando seres amansados por valores morais, normas de conduta e padrões de comportamento. Verdadeiros cordeiros, servos voluntários de uma sociedade do controle.
Tudo se cientificou. Mais fórmulas, cálculos, precisões em quadros brancos e menos fomento ao pensamento autônomo.
As crianças são induzidas pedagogicamente desde cedo a negligenciarem os subjetivismos, as disruptividades. Mais e mais livros didáticos engessados. Menos e menos vivências nas salas de aula.
É tudo tão meticulosamente cientificado que até redação de vestibular é enquadrada em padrões, justamente um dos espaços que ainda restam da educação que poderia abrir-se para as subjetividades, mas é tolhida por "formas corretas de escrever". Como se criatividade fosse mensurada por atitudes meramente racionais. Os nossos futuros formados para serem cidadãos inertes e apolitizados.
Não questione. Não critique. Não reflita. Gere e gere e gere. Produza, produza e produza.
Se não há como queimar pessoas na fogueira como nos séculos passados, o segredo do poder no mundo contemporâneo está na desinformação e na eliminação do conhecimento crítico.
Na pós-modernidade, não há mais necessidade de controles físicos, corpóreos, violentos. O controle agora é neuronal, é ideológico, é tacitamente aceito por todos. E acontece nos pequenos e meticulosos gestos. Nos filmes dublados de ação às tardes, nos programas de auditório aos domingos, nos realities shows noturnos, nos jornais de sangue diários.
Educar não se trata de criar especialistas. Educar se trata de ensinar os seres humanos a enfrentarem os problemas da vida, as angústias, as crises, as incertezas dialeticamente. E não por dicotomias de certo e errado.
Educar não se trata de criar máquinas. Educar se trata de encontrar nossos potenciais, nossas virtudes, nosso caminho. Sem regras, sem imposições, sem verdades.
Se trata de ensinar a viver. A ser tal como nascemos para ser.




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