Um dizer sim à vida
- Gabriel Gama
- 8 de jun.
- 2 min de leitura
“Quem tem por que viver pode suportar quase qualquer como”.
Esta perspectiva existencialista pinçada por Viktor Frankl na obra de Nietzsche, em “Crepúsculo dos ídolos”, é de uma adaptação bem gentil para os nossos termos atuais: o uso do “quase”.
Esta palavra adjunto é a que mais me chama a atenção nesta vontade de potência do aforismo nietzscheano trazido em outras palavras por Frankl, em sua aclamada obra “Em busca de sentido”.
Afinal, seria pretensioso demais pensar que suportamos realmente tudo na vida. Tem coisas, situações, experiências, que nos atravessam como rasgos irrecuperáveis, onde a falta parece ser maior do que tudo e a angústia, nessas horas, nos toma de jeito.

Quando leio esta frase de inspiração nietzscheana, vejo-a muito longe de uma arrogante pretensão niilista, mas sim como uma mensagem profundamente humana ao escancarar a nossa natural fragilidade, vulnerabilidade perante as intempéries da vida.
Recuperando os fundamentos da logoterapia de Frankl, para tocarmos em algum estado de felicidade, o ser humano precisa encontrar um sentido de vida; um sentido até mesmo para o seu próprio sofrimento. Sem isso, ele morre.
Este é o cenário que estamos continuadamente sendo lançados na trama de nossas existências. Só encontramos uma finalidade em viver se abraçarmos o sofrimento e me parece que, com sua filosofia de chão, antimetafísica, Nietzsche nos deixou algumas pistas para um caminho ontológico possível neste desafio.
Um certo dizer sim, uma vontade de potência, um convite para criarmos em meio ao caos mais ensurdecedor, para sobrevivermos diante do que nos pode ser mais insuportável e aniquilante.
Esta arte quadrinho que partilho ao lado, do artista colombiano SakoAsko (@sakoasko), simboliza esta vontade de potência: um brotar-se da dor.
Suportar as tempestades.
Continuemos.



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